Há cinco anos comecei com essas
frases na parede... era pra ser só uma. Mas a cada decepção, a cada mentira, a
cada resposta negativa ao que eu queria, a cada horror a meu reflexo no
espelho, lá se ia mais uma frase. Hoje já não há mais espaço nem para uma
palavra monossilábica.
Mas é sobre o horror a mim que eu
quero escrever, foda-se o que vocês vão pensar sobre isso.
Eu vivo entre a minha vanglorização
e o meu autodesprezo. E não, isso não muda de um dia para o outro. Isso não
depende da roupa ou da maquiagem que eu esteja usando. Isso muda em questões de
segundo. Isso sou eu. Ou isso sou eu tentando achar o meu eu. Eu não sei ouvir
críticas, nunca soube, no entanto as mais pesadas que já ouvi vieram da minha
própria mente. Assim como as cobranças, as maiores delas são feitas por mim
mesma. E de segundo em segundo eu vou me denegrindo, me anulando, me
levantando, me colocando em uma posição inalcançável.
O quarto escuro é tão
confortante, mas briga com a ideia de alguém no travesseiro ao lado, com
gavetas divididas, com pernas entrelaçadas. É isso, ou melhor, isso é uma das
coisas que eu não entendo. Quando, em certas circunstâncias, algumas pessoas
tiveram que falar sobre a minha personalidade elas foram unânimes em dizer:
“Ela é uma garota decidida, sabe muito bem o que quer”. WTF? Eu queria muito,
mas muito mesmo que essas pessoas me contassem aonde é que elas viram isso em
mim, porque eu simplesmente não consigo nem decidir se vou tomar chá ou café de
manhã, quanto mais as outras coisas importantes que somos todos obrigados a
decidir como, por exemplo, casar ou comprar uma bicicleta.
A única certeza, a única escolha
correta que eu sinto ter feito em minha vida foi o curso (de Jornalismo),
porque o resto meu bem... Foi uma porcaria em cima de outra. Não, não é bem
assim, até que tive alguns acertos... Aí, minha cabeça mudou de novo. Mas vou
ficar aqui, com meu amor e meu ódio próprio disputando os segundos da minha
existência. E que vença o melhor.