Você entra no ônibus, coloca o fone de ouvido e cria uma bolha em volta de si. Olhava sim, e olhava assim, como quem não quisesse olhar, como se olhasse por engano. "A vida é feito um filme", pensei. A minha ficou lá nos anos 60 e não quis sair do preto e branco. As vezes se mistura com o surrealismo de Buñuel, ou com o amoralismo da nouvelle vague. Também há em mim um pouco do Cinema Novo, porque, afinal de contas, meu sangue é brasileiro. No momento, como num filme de Cassavetes, até posso estar externalizando toda a tensão que existe no existir, mas não adianta, sempre acabo por cair nos dramas escrachados de Almodóvar. Chego a conclusão que minha vida não segue só em preto e branco, ela também é vermelha.
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