segunda-feira, 24 de março de 2014

My only sunshine

E eu, que achava que era possível ser só, nunca me enganei tanto. Você não me completa, você soma, e somou tanto que se tornou uma parte nova de mim, uma parte que eu não sei mais viver sem, uma parte que se tornou vital. Nunca errei tanto, nunca me machuquei tanto por machucar alguém. Agora tudo que eu posso pedir é para aquilo que chamam de Deus se meter nessa história e fazer você esquecer toda a merda que eu sou.

I need your lovin' like the sunshine

quinta-feira, 20 de março de 2014

Mal me quero

E de tanto se doar a tudo acabou não cabendo em lugar algum. Não queria nada para chamar de seu, nem ela mesma se pertencia. Tentava encaixar suas lacunas nos minutos de outras pessoas, sem perceber que que a dor era só dela e de mais ninguém, que é falta de educação tentar compartilhar a dor. Não conseguia mais ser carne, só pensava em atrasar ainda mais sua evolução espiritual, até porque nunca achou o seu espírito, nunca o viu, nunca o tocou, então chegou a conclusão de que ele nem existia. Acordava e dormia dizendo para si mesma "o problema não é ser só, o problema é só ser". Ela vive de contradição, ela vive do próprio erro, ela vive da ausência de alma. Ela precisa do extremo, por que o razoável, o normal, já não lhe faz efeito.  

"Por favor alguém me dê um coração, porque este já não bate nem apanha"

quinta-feira, 13 de março de 2014

Um pote até aqui de mágoa

Vou por ali, naquela esquina em que tanta gente também já pisou. Paro, tem uma poça na calçada, uma poça no meu caminho, uma poça que atrapalha tudo, não por ser uma poça, mas por ser um espelho. Não quero espelho, quero ser translúcida. Gargalhada, aquela que explode só dentro de mim, é a minha estupidez em forma de som. Eu posso ouvir cada maldito átomo do meu corpo se desintegrando. Corpo barulhento do caralho que não me deixa dormir. A cor tem cheiro, a sombra é sólida e tridimensional. E não, isso não é efeito de nada além da minha própria ignorância cósmica. Volto a mim (a quem?), a poça continua me encarando, poça filha da puta. Atravesso a rua fingindo que nem a vi. Mentira, eu sei que é mentira, desconfio que ela também, porque me olhou assim, de lado, de canto, com cara de quem viu e não gostou, mas acho que ela também quis fingir não ver.