quinta-feira, 13 de março de 2014

Um pote até aqui de mágoa

Vou por ali, naquela esquina em que tanta gente também já pisou. Paro, tem uma poça na calçada, uma poça no meu caminho, uma poça que atrapalha tudo, não por ser uma poça, mas por ser um espelho. Não quero espelho, quero ser translúcida. Gargalhada, aquela que explode só dentro de mim, é a minha estupidez em forma de som. Eu posso ouvir cada maldito átomo do meu corpo se desintegrando. Corpo barulhento do caralho que não me deixa dormir. A cor tem cheiro, a sombra é sólida e tridimensional. E não, isso não é efeito de nada além da minha própria ignorância cósmica. Volto a mim (a quem?), a poça continua me encarando, poça filha da puta. Atravesso a rua fingindo que nem a vi. Mentira, eu sei que é mentira, desconfio que ela também, porque me olhou assim, de lado, de canto, com cara de quem viu e não gostou, mas acho que ela também quis fingir não ver.





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