E de tanto se doar a tudo acabou não cabendo em lugar algum. Não queria nada para chamar de seu, nem ela mesma se pertencia. Tentava encaixar suas lacunas nos minutos de outras pessoas, sem perceber que que a dor era só dela e de mais ninguém, que é falta de educação tentar compartilhar a dor. Não conseguia mais ser carne, só pensava em atrasar ainda mais sua evolução espiritual, até porque nunca achou o seu espírito, nunca o viu, nunca o tocou, então chegou a conclusão de que ele nem existia. Acordava e dormia dizendo para si mesma "o problema não é ser só, o problema é só ser". Ela vive de contradição, ela vive do próprio erro, ela vive da ausência de alma. Ela precisa do extremo, por que o razoável, o normal, já não lhe faz efeito.
"Por favor alguém me dê um coração, porque este já não bate nem apanha"
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