quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

As Palavras Que Não Consigo Te Dizer Ao Pé Do Ouvido

Vem
Na tua dança felina
Lua de leoa
Pele de onça pintada
Olhar de gata desconfiada
E me deixa besta
Boba
Magnetizada
Já não quero do mundo mais nada
A não ser te encontrar de novo
E de novo
Nessa minha confusa caminhada



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Para a PEC do fim do mundo

Eu vi o olhar de revolta dos indígenas silenciados
Vi o corpo de um companheiro
sendo marcado pela violência do Estado
Senti minha garganta e olhos arderem
pelo gás inalado
Vi a mídia nojenta
de nós, fazer pouco caso
E quando nos exibe por um minuto
é pra fazer nosso movimento ser criminalizado
E hoje,
13 de dezembro de 2016,
vejo mais uma vez
os direitos à saúde e à educação
sendo menosprezados
em meio a champanhe e aplausos
de um bando de hipócritas engravatados
Que as deusas e os deuses nos protejam
dos próximos 20 anos nefastos.

  

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Leoa pintada

Eu desconfio, branquela,
Que essas sardas foram propositalmente desenhadas
Enquanto tu, com a tua lua de leoa,
Ao sol te deleitava
E da tua juba eu não desgrudava
Quanto mais carinho eu oferecia
Mais tu se aninhava
Até cheguei a crer
Que aquilo ali, de uma noite com certeza passava
Mas tu és mulher experiente
Independente
Mesmo com meu desejo latente
Não sei se por escolha ou falta de tesão
Protegeu-se de mim,
que sou pura confusão
Confesso-te
Tens toda razão
Não sou flor que se cheire
E ao teu jardim não pertenço, não
Ah...
Falo da boca pra fora
Da tua beleza já fiquei refém
Se a gente se encontra de novo
Prometo-te ir mais além
Até coloco um disco

Quem sabe aquele lá do Jorge Ben

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Olhos nos olhos

Eu me isolo
Eu choro
Eu cheiro
Eu bebo
Eu enlouqueço
Tudo de uma vez só
(Você conhece a minha mania do exagero)
O que você não conhece é a capacidade de me recriar
Já me desfiz e refiz tantas vezes, baby
Cê nem pode imaginar
Numa semana eu sou morte
Na outra eu sou vida
Num momento, sou desespero
No outro, euforia
Agora,
Luto fúnebre
Amanhã,
Carro de alegoria
Emprestando as palavras de um conhecido
Tatuo na alma
“Um coração partido
é um coração renascido”
E sigo. 







terça-feira, 9 de agosto de 2016

Vou morar no infinito e virar constelação

Sou vagante sem rumo
Filha do mundo
Poço sem fundo
Sem eira nem beira
De rastro, só deixo a poeira
Desde que me perdi de mim
(Ou em mim?)
Não conheço morada
Chamo de lar a minha estrada
De tanto transbordar
Sequei meu mar
Fiquei sem alma
Nua
Crua
Esvaziada.





quarta-feira, 13 de julho de 2016

Existe amor em SP

Segura minha mão
O único futuro que temos
É esse instante

Gravo teu riso
Fiz da minha memória
Uma estante

Te coloco nela
Imaginariamente
Ao meu alcance


terça-feira, 5 de julho de 2016

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Livro de Cabeceira

O teu olhar é uma sequência de reticências
Que me instigam a te ler alvoroçadamente
E também com uma dose de medo
Confesso, menina... 
Não quero que o livro acabe tão cedo



domingo, 5 de junho de 2016

quarta-feira, 1 de junho de 2016

segunda-feira, 30 de maio de 2016

33

Quando eu acordei tinha 33 homens em cima de mim

"Mas com 16 anos já tem filho?
Olha seu comportamento
Que promíscuo"


Quando eu acordei tinha 33 homens em cima de mim

"Mas olha que roupa curta
Observe bem
Tem cara de puta"

Quando eu acordei tinha 33 homens em cima de mim

"Mas era uma favelada
Frequentava baile funk
Tinha fama de drogada"

QUANDO EU ACORDEI TINHA TRINTA E TRÊS HOMENS EM CIMA DE MIM!
E nenhum "mas" justifica isso.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Porta aberta

Suas cicatrizes à mostra
Frutos do seu eu em tensão
A tantas causam medo
A mim, confesso,
Tesão

Você me avisou
“Há uma linha tênue...”
E a menina aqui duvidou

Mas bateu no ato
No olfato
No tato
De quatro
E no abraço também

Agora,
De você eu peço
Sempre um pouco mais
“Não vai agora não, rapaz...”
Não tem ideia do bem
Que seu corpo me faz



segunda-feira, 9 de maio de 2016

Clarisse está trancada no banheiro



Três anos
Do primeiro isolamento
O tempo passa rápido
Permanece o ferimento

Café às 6h
Almoço às 11h
Jantar às 17h

"Engole mais uma pílula
Não interessa o que é
É pro teu bem
Dorme que passa
Não questione ninguém"

"Tira a roupa
Se agacha, deixa eu ver
Vai que tem alguma droga
Escondida em você"

"Olha lá
Cara de menina mimada
Tá aqui por frescura
Nem deve ter nada
No máximo
Mais uma usuária"

Mas eu não era
Eu era apenas caos
E, cá pra nós,
Continuo sendo.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Rotina Cardíaca

Meu peito emana vida

Transborda

Depois esvazia

Explode
Seca
Renasce

Te anuncia

Alucina
Recompõe a razão
Repensa

Te renuncia




quarta-feira, 4 de maio de 2016

Que não seja meu o mundo onde o amor morreu

Te fiz um colar de Xangô
Pra Oxum, rezei por amor
Por você, esqueci o temor
Mas você manteve o seu
 “A culpa é minha”, pensei eu
Eu te inventei
O engano é todo meu
Mas o calor que brota do teu peito
Também é mera alucinação?
Ou é tua energia confessando
O que esconde teu coração?
Joga o guarda chuva fora
Se molha comigo
Ouve aquela música do Belchior
Vem correr perigo
Que é disso que a vida é feita
Corre, menina!
Não me faz essa desfeita...


quinta-feira, 28 de abril de 2016

Descompasso ritmado

Eu só mergulho pra me afogar
Você prefere molhar os pés na beira do mar
Eu sou urgência
Você, calmaria
Eu sou o desespero, o alvoroço
Você, só ria
Eu transbordo
Você internaliza
Eu sou o aqui, agora
Você, um “talvez amanhã...”
Eu sou choro contido na garganta
Você, riso frouxo, feito criança
Eu sou prosa introspectiva
Você, gíria que ainda abrevia
Eu, tão translúcida
Você, pedra das mais duras
Eu sou novela mexicana
Você, sabor de fruta mordida, caldo de cana...
Eu sou insônia
Você, narcolepsia
Mas paradoxo mesmo
São dois universos opostos
Existindo em sinergia

domingo, 24 de abril de 2016

O leão e o passarinho

Queria ser um passarinho
Em teus cabelos negros
Fazer meu ninho

Poder voar longe
Bem alto
Sem rumo e sem caminho

Mas com a certeza
De que sempre que quisesse voltar
Teria um pouso em ti,
Leãozinho

Pra onde quer que eu fosse
Tu serias meu destino.


sábado, 16 de abril de 2016

O universo em uma rede de nós



Uma rede preguiçosa
Um abraço apertado


Um beijo iluminado
Por uma lua cheia
E um céu estrelado


Descobri um imenso universo
Nos teus pequenos lábios


quinta-feira, 7 de abril de 2016

Tu eres esa libertad soñada



Tú eres así
tan mujer en tus negocios
tan niña en tus sentimientos


Me miras de esa manera
pidiendo por cariño
después te armas
y cada una de nosotras que se va para su camino
Así me quedo perdida
deseando un encuentro
entre mí y tu destino


Tu alma es tan libre, niña
que aprisiona la mia


No sé lo que me prende mas
si es tu boca sedienta de vida
o tus pupilas dulcemente dilatadas...
Me enredo en tu pelo negro
mientras tus gritos hacen eco por la noche
Me muerdo para no despertar a los que no tienen
la suerte de tenerte con tu cuerpo y alma desnuda




terça-feira, 29 de março de 2016

Versa e reversa

Não podia
Eu sei que não podia
Mas a tua boca reclamava a minha
E vice
E verso

Ah, pretinha magrela
Queria te roubar da tua vida
Te colocar numa Kombi
Ou comprar passagem só de ida

Ir morar no nordeste
A gente aprenderia
Até a falar “cabra da peste”
Tomaria todo dia banho de mar
Ficaria com gosto de areia

E quem sabe no fim, até amar... 

SAL-dade


Teu gosto
Era salgado
Igual ao mar
Da tua cidade

Eita, menina,
Fui eu que salguei
Teu mar
Com a minha saudade



sexta-feira, 11 de março de 2016

O problema não é ser só, o problema é só ser



Eu já fui

Puritana

Santa

Puta

Vadia


Já fui

Caricatura

Pintura

Música

Poesia


No fim

Nada importa

Acabei sozinha

Numa sexta fria

domingo, 28 de fevereiro de 2016

E tudo foi desbotando...

Regressar.
Ao nosso adeus.
Ao nosso último encontro.
Ao nosso último beijo com amor.
Ao nosso último sexo com amor.
À nossa última briga com amor.
À nossa primeira briga com amor.
Ao nosso primeiro sexo com amor.
Ao nosso primeiro beijo com amor.
Ao nosso primeiro encontro.
Ao nosso primeiro “olá”.

E, finalmente, à vida que eu tinha antes de saber que você existia.
Preciso te desconhecer.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Nowhere fast

Baby, você diz que eu sou livre demais, mas é que você não enxerga as correntes que, de tão apertadas, atrofiaram minha alma até arrancar sangue do meu corpo. Você diz que eu sou livre demais, mas não conheceu a prisão em que já me colocaram. Diz que eu sou livre demais, mas não sabe o quanto essa doença maldita já me prendeu, o quanto ela já me fez aceitar tão pouco, o quanto eu já vivi de migalhas. A liberdade que você reconhece em mim hoje, que você considera tanto, e que pra mim é só o começo, foi conquistada com muita luta, choro, humilhação e sangue, muito sangue. Eu demorei muito tempo pra fugir da gaiola, baby, não há como voltar. Toda mulher merece voar.