De onde vem a vontade de fugir? E fugir do que, se eu só
tenho a mim mesma? (Ou nem isso) Fugir do que, se tudo que eu vivo é fruto do
que eu mesma escolhi? Bom mesmo era o tempo que...Não consigo lembrar desse
tempo. Mas é tão bonita a cor da chuva, iluminada pela cor amarelada, tocando o
chão. Parece até ouro derretendo e poderia ser. Aí eu desfaço os meus planos de
fugir e me banho na chuva, com a esperança de um dia alcançar o brilho dela.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Be mine
E eu, que estava tão acostumada a só enxergar o que me dói, tinha esquecido o quão aconchegante é o teu colo. Eu te amo sussurrado ao pé do ouvido, teu gosto adocicado, horas preguiçosas na cama, riso fácil e o barulho que nossas alianças fazem quando você segura a tua mão na minha. É na fugacidade dessas coisas que eu me perco e te reencontro. Que minha vida permaneça sempre atrelada a tua, pois não existe mais um "eu" além disso.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Vida vermelha
Você entra no ônibus, coloca o fone de ouvido e cria uma bolha em volta de si. Olhava sim, e olhava assim, como quem não quisesse olhar, como se olhasse por engano. "A vida é feito um filme", pensei. A minha ficou lá nos anos 60 e não quis sair do preto e branco. As vezes se mistura com o surrealismo de Buñuel, ou com o amoralismo da nouvelle vague. Também há em mim um pouco do Cinema Novo, porque, afinal de contas, meu sangue é brasileiro. No momento, como num filme de Cassavetes, até posso estar externalizando toda a tensão que existe no existir, mas não adianta, sempre acabo por cair nos dramas escrachados de Almodóvar. Chego a conclusão que minha vida não segue só em preto e branco, ela também é vermelha.
sábado, 14 de setembro de 2013
Negação do eu
E eu me viro e reviro toda do avesso pra ver se eu eu me deparo qualquer coisa que possa ser ''eu". Não acredito, ou me nego a acreditar, que sou só carne. Alguém me disse que eu sou espirito também, mas não consigo encontrá-lo em mim. O dia é de sol, mas aqui dentro tudo é sempre tão cinza. E eu, que sempre sou tão transparente, não consigo externizar, exceto pelas palavras escritas, a minha cor. E aí eu fico sempre incompleta, tentando achar meus pedaços pelo mundo, mas quando eu acho alguma coisa eu me abandono, porque geralmente é algo tão ruim que eu me recuso a ser este "eu". Acho que vai assim pra sempre: me procurar, me achar, me negar, me abandonar e seguir.
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