terça-feira, 28 de março de 2017

you dont know me at all

Isso, vai
Preenche a agenda
Para ver se assim
Preenche também esse buraco negro no teu peito, menina
Que tudo em ti consome
Que tantas vezes te engole inteira
E te põe do avesso
Cê fica com essa cara de louca
Sem eira nem beira
Amontoado de átomos inútil
Mas num fala disso não
Ainda não aprendeu que compartilhar dor
É a pior falta de educação?
Prega o sorriso no rosto
Finge que tá tudo bem, tudo azul
Dont make yourself so fucking blue


sábado, 28 de janeiro de 2017

Ela Vem Chegando

De uma angústia compartilhada
Por alguém clamando seu próprio amor
Surge uma confissão na madrugada
“Também sinto essa angústia, essa dor”

E o tempo, hora meu inimigo
Hora meu aliado
Resolveu passar bem mansinho
Por pura maldade
Só pra andar desse jeito vagaroso
Na contramão da minha vontade
Que é te ter ao lado meu,
Sentir na pele
O que até então se provou cumplicidade

Ver esse sorriso de perto
Falando coisa bonita no meu ouvido
Brincando com a minha vaidade
E eu, tola,
Vítima dessa maldita ansiedade
Espero-te desde já
E olha que esperar
Meu bem,
É minha pior habilidade


quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

As Palavras Que Não Consigo Te Dizer Ao Pé Do Ouvido

Vem
Na tua dança felina
Lua de leoa
Pele de onça pintada
Olhar de gata desconfiada
E me deixa besta
Boba
Magnetizada
Já não quero do mundo mais nada
A não ser te encontrar de novo
E de novo
Nessa minha confusa caminhada



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Para a PEC do fim do mundo

Eu vi o olhar de revolta dos indígenas silenciados
Vi o corpo de um companheiro
sendo marcado pela violência do Estado
Senti minha garganta e olhos arderem
pelo gás inalado
Vi a mídia nojenta
de nós, fazer pouco caso
E quando nos exibe por um minuto
é pra fazer nosso movimento ser criminalizado
E hoje,
13 de dezembro de 2016,
vejo mais uma vez
os direitos à saúde e à educação
sendo menosprezados
em meio a champanhe e aplausos
de um bando de hipócritas engravatados
Que as deusas e os deuses nos protejam
dos próximos 20 anos nefastos.

  

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Leoa pintada

Eu desconfio, branquela,
Que essas sardas foram propositalmente desenhadas
Enquanto tu, com a tua lua de leoa,
Ao sol te deleitava
E da tua juba eu não desgrudava
Quanto mais carinho eu oferecia
Mais tu se aninhava
Até cheguei a crer
Que aquilo ali, de uma noite com certeza passava
Mas tu és mulher experiente
Independente
Mesmo com meu desejo latente
Não sei se por escolha ou falta de tesão
Protegeu-se de mim,
que sou pura confusão
Confesso-te
Tens toda razão
Não sou flor que se cheire
E ao teu jardim não pertenço, não
Ah...
Falo da boca pra fora
Da tua beleza já fiquei refém
Se a gente se encontra de novo
Prometo-te ir mais além
Até coloco um disco

Quem sabe aquele lá do Jorge Ben

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Olhos nos olhos

Eu me isolo
Eu choro
Eu cheiro
Eu bebo
Eu enlouqueço
Tudo de uma vez só
(Você conhece a minha mania do exagero)
O que você não conhece é a capacidade de me recriar
Já me desfiz e refiz tantas vezes, baby
Cê nem pode imaginar
Numa semana eu sou morte
Na outra eu sou vida
Num momento, sou desespero
No outro, euforia
Agora,
Luto fúnebre
Amanhã,
Carro de alegoria
Emprestando as palavras de um conhecido
Tatuo na alma
“Um coração partido
é um coração renascido”
E sigo. 







terça-feira, 9 de agosto de 2016

Vou morar no infinito e virar constelação

Sou vagante sem rumo
Filha do mundo
Poço sem fundo
Sem eira nem beira
De rastro, só deixo a poeira
Desde que me perdi de mim
(Ou em mim?)
Não conheço morada
Chamo de lar a minha estrada
De tanto transbordar
Sequei meu mar
Fiquei sem alma
Nua
Crua
Esvaziada.