sexta-feira, 28 de junho de 2013

Tudo o que você não precisava (e não queria) saber sobre o meu sumiço


A dor.
Maldita bendita dor
Sufoca quando o riso é bem vindo
Aconchega quando o choro é inevitável.

Eu não nasci pra poesia. Rimar não é pra mim. Simplesmente não consigo fazer coisas em uma sequência minimamente lógica. Nem tirar a própria vida de uma maneira lógica, assim como os suicidas bem sucedidos fazem, eu consegui. Se eu tivesse lido as bulas, feito a contagem dos miligramas, pesquisado sobre as combinações... Mas não, não, tinha que agir como uma louca, tinha que fazer o meu teatro, tinha que estar usando a camiseta de um ídolo que se matou, tinha que ser destacando todos os comprimidos que existiam na casa, tinha que jogar todos os vinis no chão, tinha que, alopradamente, ir mudando de segundo a segundo o disco na vitrola “preciso ouvir essa, ah essa também. E essa! Ah não posso morrer sem ouvir essa!”. Burra, incompetente.
- Que linha liga o teu coração ao meu?- pensou. 192 foi a resposta. Mas a irmã, pobre irmã mais nova, foi quem me encontrou. “Liga pra mãe”. Burra, incompetente. Se era pra se matar, por que ligar pra mãe? As cartas já estavam sobre a cama. Tudo o que ela precisava saber estava ali. Os olhos estavam abertos e registravam a tudo como uma câmera. Mas o corpo não correspondia. Nem meu nome eu consegui falar. Uma lavagem estomacal, dois dias com um metro de tubo indo do nariz ao estomago, três dias de UTI e 15 dias de clínica psiquiátrica, aqui estou eu. Todos os olhares da inquisição. “Coitada, perdeu a razão” Não, não, não, queridos, eu não perdi a razão.. na verdade nunca estive tão lúcida, inclusive estou há quase um mês sem beber...